sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Cortejo de Carnaval das EB1PE da Camacha


quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Carnaval, mas pouco...

A Camacha tem sido uma das Freguesias com maior número de atividades ao longo do ano, particularmente no que concerne a datas festivas, como o Carnaval. Mas este ano não será assim...

Felizmente, na sexta feira, as Escolas Básicas cumprem a tradição e realizam o seu Cortejo, com a cooperação e co-organização da Junta de Freguesia.

Não há duvidas que é um momento alto, pela alegria das crianças,  mostrando o trabalho desenvolvido em contexto escolar, que os pais e familiares não deixam de acompanhar de perto. Uma manhã em cheio!

No entanto, com o encerramento da "Tasca O Casimiro", e a não realização do habitual "Baile do Clube 26", a oferta em termos de animação de Carnaval é diminuta, limitando-se ao "Baile dos Travestis", organizado pelo Teatro Experimental da Casa do Povo da Camacha.

O objetivo é a angariação de fundos, tendo em vista a realização do "Festival AMO-Teatro 2016", com o selo de qualidade TEC!

Esta é uma iniciativa louvável, tanto mais que reafirma a dinâmica de quem deita mãos ao trabalho e procura ultrapassar todas as dificuldades financeiras que se agravam continuamente. É assim na Casa do Povo, é assim no TEC!

Não percam a oportunidade de usufruir desta sexta feira de grande folia na Camacha! Até porque, infelizmente, será mesmo o único dia...

Como já é amplamente sabido, não se realiza o Cortejo de Carnaval do domingo, há muito organizado pela Casa do Povo da Camacha e, desde 2015, em parceria com a Junta de Freguesia.

Esta não foi uma decisão fácil nem tomada levianamente, pela importância que o evento tem, tendo a Casa do Povo e a Junta de Freguesia avaliado, em conjunto, várias soluções, perante o impacto da não realização, mas não foi possível evitar o pior cenário. Porquê?

O que é o "Cortejo de Carnaval da Camacha"
Sendo tema que merece ser abordado separadamente, a Camacha está na génese de vários cortejos e eventos Regionais, como a "Festa da Flor" e o "Cortejo Trapalhão", o que, juntando à tradição popular de sair para a rua mascarados, vinca a importância do Carnaval nesta Freguesia.

Há longos anos, a Casa do Povo passou a organizar o "Cortejo", fixando-o no domingo de Carnaval, incentivando e premiando a participação, de crianças, jovens, adultos e seniores, individualmente ou em grupos organizados.

O percurso teve várias versões, mas sempre com uma volta à Achada e terminando no Ringue, onde os participantes desfilam perante um Juri, para a atribuição dos prémios préviamente definidos.

Aberto a todos e com cariz vincadamente popular e trapalhão, sempre foi natural acontecer sátira e crítica social e política, tornando-se imagem de marca. Rir com a crítica é próprio do Carnaval, como até a mim aconteceu, sem que isso se deva levar a mal. É Carnaval e há que ter espírito e "poder de encaixe".

Portanto, o Cortejo sempre foi espaço livre, para crítica, sátira, imaginação, diversão e todos o que de bom o Carnaval tem.

A participação
Ao longo dos anos tem variado o número de participantes, notando-se a diminuição, particularmente de troupes organizadas, algo que importa analisar.

No caso de "Troupes de Carnaval", apesar dos convites e do esforço feito no sentido de atrair a sua participação, o entrave é financeiro. Uma troupe tem custos e é natural que procurem rentabilizar ou minimizar o investimento, participando em Cortejos onde são remunerados.

No caso dos grupos mais, digamos populares de temas satíricos, que muito agradam e que dão um cariz mais local e divertido ao Cortejo, a questão pode ter várias razões.

Desde logo o desinteresse pela participação, pelo trabalho que dá, pela dedicação que exige e pela disponibilidade de tempo que cada um vai tendo para isso.

Também há opiniões segundo as quais o Júri atribui o prémio sempre aos mesmo e que, por isso, não vale a pena. Bom, ser Júri é difícil e sempre sujeito a crítica, porque a avaliação é subjetiva, embora com critérios definidos.

A organização tem procurados escolher pessoas não ligadas à Casa do Povo, mas é impossível agradar a todos, agora, discordo em absoluto dessa ideia de que ganham sempre os mesmos.

É verdade que há grupos que participam sempre e que se preparam com cuidado, mas em momento algum a organização decide ou influencia na escolha.

Portanto, é legítimo querer o melhor prémio, mas não mais do que a escolha do Júri.

Os custos
Para a realização de um cortejo como este, é necessário garantir condições de segurança e cumprir com as regras e leis que estipulam a obrigatoriedade de policiamento, o que tem custos inerentes e incontornáveis, suportados pela organização.

Também a animação tem custos, muito para além da logística de palco, com equipamento de som e animação, seja DJ ou artista de variedades.

Os prémios atribuídos aos participantes, conjuga produtos e serviços oferecidos pelo comércio local, com valores monetários, o que, somando todas as variáveis, significa um investimento global mínimo de 1500€.

O financiamento
Como em todas as atividades e eventos da Casa do Povo, é o seu próprio orçamento a suportar a maior parte dos custos.

Para tal, é elaborado o "Plano de Atividades e Orçamento" anual, que é remetido às Entidades Públicas, de forma a obter os apoios financeiros necessários, quer para os mesmos, quer para o próprio funcionamento da Casa do Povo.

Nos últimos anos os cortes em apoios governamentais têm sido de grande monta, mas existem e há abertura para adequar e comportar maior apoio, face à importância e impacto positivo da ação da Casa do Povo.

Já no que toca às autarquias, a Junta de Freguesia está sempre na linha da frente para apoiar e participar como parceira, sem que a Câmara Municipal demonstre a mesma abertura. Não há apoio financeiro e o apoio logístico de funcionamento, que era dispensado às instituições, desapareceu.

Assim, é natural que se tenham de tomar opções, e maior critério nos eventos para que há capacidade efetiva de realizar.

O comércio local é um parceiro fundamental, mas as diminutas receitas obtidas contribuem para a incapacidade financeira. No entanto há que realçar que a grande maioria dispensa apoio, atribuindo prémios em forma de vales de compra.


A solução?
Porque importa realizar o "Cortejo de Carnaval", faço votos para que, em anos futuros, as dificuldades financeiras sejam ultrapassadas.

Para tal, o comércio local terá de ter uma participação mais forte, porque o evento atrai visitantes à Vila, mas, porque tem de ser propósito de uma Autarquia, o apoio e o incentivo ao dinamismo cultural, desportivo, social e comercial local, importa que se efetivem investimentos financeiros, dotando os eventos de animação com qualidade e capacidade de atrair participantes e assistência.

Não se trata de comprar feito, ou desbaratar recursos, trata-se de investir no dinamismo!

E porque esse dinamismo parte, desde logo, de casa, é fundamental que todos os grupos, instituições, clubes e associações participem, ativamente, em troupes, individualmente, ou de qualquer outra forma, mas contribuindo para engrossar o numero e qualidade do Cortejo.