quinta-feira, 24 de agosto de 2006

ART'Camacha 2006

E pronto... Lá se passou o ART'Camacha 2006. Analisar estes 5 dias não é fácil, já que pertenço à organização, mas considero que globalmente foi uma boa edição.

A homenagem ao Camacheiro José Alberto Gonçalves foi mais que merecida e um momento emocionante.

A participação da RDP-Internacional foi uma excelente promoção da nossa terra, ficando a RTP-Madeira com a costumeira falta de qualidade... Quando assisti ao programa... A realização é de péssima qualidade, a imagem também... enfim...

O Teatro, que apresentou uma peça de grande qualidade, merece destaque, tendo sido bem melhor do que apresentar uma “revista” que faz rir mas peca em qualidade.

Os "carros de se arrastar" provaram que as tradições estão bem fortes e presentes, ficando no ar a ideia de se organizar algo mais concreto para o ano. Parabéns ao grupo de populares que organizou e apresentou a ideia à Casa do Povo!

Quanto a exposições, os artistas locais provaram, mais uma vez que a qualidade não para de aumentar. Fizeram um grande e árduo trabalho para adaptar a sala, raspando paredes, pintando, limpando... enfim, trabalharam muito e conseguiram algo de muito bom, algo que respeito e aconselho vivamente a atenção de todos. Parabéns!

Muito mais há para dizer, mas a qualidade das apresentações de palco é sempre subjectiva, pelo que me limito a dizer que, uma vez mais!, todos puderam mostrar-se ao público. Mais uma vez tivemos um ART'Camacha de todos e para todos.

3 comentários:

Anónimo disse...

Foi altamente positivo dado o número de pessoas que esteve envolvida na gestão e na participação diária do festival. Uma pessoa a menos teria feito bastante falta.
Há um claro défice de mão de obra, pessoas que tenham gosto em concretizar projectos e trabalhar em equipa. Espero que apareçam pessoas com este perfil, que permita pelo menos manter o nível do festival (e outras actividades), para quando as que estiveram este ano não puderem contribuir.

Não vi a transmissão nem na televisão nem ao vivo. Estive na rádio festival o tempo todo. As expectativas não seriam altas e portanto não ficaria desiludido. Compreendo também que a RTP Madeira debate-se com falta de profissionais, que lhes permita ter tempo de aprimorar e preparar melhor o seu trabalho.

Efectivamente, os artistas tiveram um trabalho fantástico, tanto na exposição propriamente dita, tal como na preparação da sala. Nomeadamente o Helder Bruno, o David e mais um par de elementos que desconheço o nome, estiveram a esfregar e a dar um ar decente a uma sala que tinha sido ficado com um chão na semana anterior ao festival.

Continuo o comentário a seguir.

Anónimo disse...

Gostei muito da exposição organizada pelo Helder Bruno, só é pena não lhe terem dado já um lugar pronto a colocar as obras (um evento como este já deveria ter sido pensado há muito tempo e, como tal, as obras da sala há muito tempo terminadas. Se a moda pega, para os anos vindouros ainda exigem aos músicos que construam o palco!). Estive pouco tempo no "arraial da Arte" - há quem se revolte por se chamar "arraial" e há quem deteste que o associe a "Arte", a combinação é, para alguns, uma incongruência, mas tendo em conta que se trata da Camacha, ninguém leva a mal -, mas achei agradável. Não vi, lamentávelmente, a peça do TEC, nem vi os concertos de pop/rock (apenas vi o de jazz que, apesar de repleto de boas intenções, pairava sempre no ar um pouco de amadorismo académico, que embora muito conceptual, era muito eficaz. "Eu, você, nós dois..." início de uma das suas letras, ideia "emprestada" (inspirada?) do Caetano Veloso - refiro-me aqui unicamente à vertente lírica -, demonstra terem a lição bem estudada, falta encontrarem o seu próprio rumo. Gostei e espero que não parem de evoluir), mas fiquei contente com a heterogeneidade dos projectos que se apresentaram em palco, parabéns à organização pela abertura a novas propostas. Quanto à culinária, dispensei a típica espetada e optei pelas iguarias da barraquinha do restaurante "O Caroto" e recomendo a toda a gente.

Anónimo disse...

Continuando o meu comentário e aproveitando a deixa do amigo Nélio, ia passar à "Noite Rock" de que fui "orquestrador". Para trazer mais alguma luz, digo que o alinhamento das bandas deu muitas voltas até ao final. Chegaram a ser 5 projectos, estabilizou nos 4 e por fim ficaram-se nestes 3. As questões não foram mais do que incompatibilidades de calendário ou questões profissionais.

Já há um par de anos que achava que o número ideal para esta noite são 4 projectos. Esse número é com vista aos seguintes objectivos:
- não haver muita complexidade em termos de gestão de palco (para a equipa do som que tem de guardar configurações e repôr tudo novamente);
- É uma oportunidade para um número razoável de pessoas ganharem experiência num palco maior e de experimentar um paradigma diferente dos habituais pequenos concertos, ou seja, existe alguém a processar o som e o artista apenas se preocupa em tocar;
- Preferência aos músicos camacheiros e eventuais convites a outros grupos amigos;
- Em termos de convívio, promover o contacto entre grupos e menos gente facilita este objectivo;
- Finalmente, deveria trazer mais diversidade para quem vem assistir.

Quando estava apenas com 3 projectos tive vários receios. Primeiro, o risco de mais alguma desistência. Em segundo, a menor diversidade, especialmente na falta de um elo Pop de ligação entre o Jazz e o Grunge e com isso um "choque" entre um possível público únicamente jazz e o público para os outros grupos. Em terceiro, por haver mais tempo para cada da banda, poder provocar estagnação no público ao fim de algum tempo de actuação. Antes a ideia era ter 30 minutos para não fartar quem não estivesse a gostar e assim ficar para a seguinte.

Ora, pode ter sido uma feliz coincidência ou mérito próprio e maturidade dos projectos, mas os meus receios não se concretizaram e os objectivos foram todos razoavelmente cumpridos.
- A equipa técnica do som teve o trabalho facilitado e em termos gerais toda a gente teve um bom som de palco. Relativamente ao som de PA não sei dizer pois estive pouco tempo em frente ao palco mas a impressão foi boa.
- O Jazz tem elementos acostumados aos palcos mas foi mais uma oportunidade de praticar. Os Negative Rule tiveram a segunda experiência num palco com estas características, em que a outra foi na Noite Rock do ano transacto. Para os Beyond The Realm foi a primeira vez.
- Cada grupo tinha pelo menos um elemento oriundo da Camacha.
- O convívio entre os grupos foi um dado adquirido, em que o jantar foi ponto alto onde os vários elementos juntaram-se na mesma mesa e jantaram em conjunto. Este facto e objectivo é o que mais valorizo nesta edição. Vale a personalidade e o espírito aberto.
- O objectivo da diversidade musical não foi completamente cumprido dado a falta do Pop, mas por outro lado o público correspondeu sempre. O Jazz nao teve um público tão composto mas acho que agradou aos muitos que estavam espalhados pelo Largo da Achada a ouvir de longe. Acho que é de manter um início de noite jazzístico no futuro, um espaço para os amantes ou futuros amantes desta vertente.
Os Negative Rule e os Beyond The Realm já têm um algum público que respectivamente segue a banda e seguem o estilo, contando também com uma boa parte de amigos. São estilos mais próximos e que por isso tiveram boa aceitação por ambas as audiências presentes. Tendo como referência a 1h da manhã, o número da assistência foi bem maior relativamente aos últimos anos.


Ainda uma nota sobre o Jazz:
Os elementos do Jazz são alunos em cursos na área musical e ensaiaram apenas algumas vezes para este concerto. o Graciano (Guitarra) está na extensão do Hot Club na Madeira, o Paulo (contrabaixo) está num curso superior de Jazz no Porto e a Sofia (voz) está também num curso superior de Canto, da qual não me recordo a que cidade. Por isso compreende-se o comentário do Nélio acerca do amadorismo e da aparente falta de rumo, mas efectivamente eles não formam um grupo organizado e formal. Assim sendo, não era tangível que tivessem a coesão e a linha de um projecto consistente. A definição de um combo de Jazz é, segundo o Graciano, um grupo de alunos de que se junta para estudar e praticar os ensinamentos do curso. Foi nesse formato e sob esse nome que se apresentaram.

Ainda sobre o espaço para a exposição, não sou porta-voz da Casa do Povo e simplesmente expresso a minha percepção da situação, nomeadamente de que a existência e a premeditação de criar esse espaço não é coadunável com a disponibilidade de verbas, orçamentos e prazos por demais conhecida dos organismos públicos. Julgo que foi uma sorte e puro acaso ter o espaço disponível nesta altura. O propósito da sala não é exposições mas com esta experiência espero que se pense em reservar um espaço para estes efeitos.

Se se concretizar as obras no Largo da Achada e assim uma mudança de cenário do festival no próximo ano, será necessário um esforço redobrado para adaptar o modelo actual ao espaço temporário. Vamos ver o que acontece.

Até então,
Evandro